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Entrevista ao Artista Vasco Balio



Recentemente foste tocar ao hospital com o José António Pinto (Chalana) para a iniciativa “Cor é Vida” com as doutoras (es) do sorriso. Como foi para ti participar neste evento especial para as pessoas internadas? É um trabalho importante e enriquecedor dar vida e cor a essas pessoas? Que significado teve e tem para ti estes trabalhos?

Tenho aprendido muito com os meus amigos José Antonio Pinto (Chalana ) e João d’Atães. Com eles vou descobrindo os vários contextos da música: A música solidariedade, a música no contexto hospitalar, a música no contexto ideológico... Eu já tinha tido a experiência de cantar no Igreja do Hospital de S.João durante dois anos inesquecíveis da minha vida. Desta vez fui “ arrastado “ pelo Chalana. Colaboramos com a instituição Cor é vida. O objectivo é arrancar sorrisos às crianças internadas com doenças oncológicas, assim como às famílias e amigos que as visitam. Neste contexto, somos músicos palhaços e arrancar um sorriso a uma criança ou a um familiar no contexto hospitalar, é um desafio tão grande o quanto gratificante.

Tocaste diversas vezes para os construtores da Festa do Avante. Tem um sabor especial comemorar o longo trabalho de construção da Festa?

As minhas participações musicais em Festas da construção do Avante, são mesmo isso... participações. Todos os Comunistas devem participar como podem e quando me chamam para participar com música, fico contente e lá vai o Vasquinho e a música no contexto ideológico. Sou sonhador e um dia ( Troika d’ Atães ) havemos de cantar no Avante.

TROIKA D'ATAES, disseste na resposta dum comentário que em resposta às tangas da troika criaram este projecto. Como junção de uma série de músicos, de integração musical, cultural, e como resposta a um acordo imposto e a uma política castradora, este projecto é imperioso e uma mais-valia?

Gosto mais que seja o Chalana ou o João d’Atães a falar do projecto Troika d’Atães porque são os fundadores. Já muita gente me perguntou o porquê do nome, que o nome lembra coisas más, etc... Na minha opinião, não devemos esquecer o logro que foi a Troika e nós fazemos questão de o lembrar. O Atães associado a Troika, resulta do facto de o projecto ter nascido numa terra bonita na margem Gondomarense do Douro e que se chama Atães.

Solidarizaste-te há um ano com a campanha do Museu Mineiro de S.Pedro da Cova para a preservação da Zorra nº53. É relevante para ti solidarizares-te com a cultura, com questões sociais, com a preservação da memória, ou de uma carrinha que foi parte essencial do trabalho dos Mineiros nos tempos da outra senhora?

Sim, sou um dos muitos S. Pedrenses solidário com acções de campanha para o restauro do património mineiro. A Zorra 53 é o exemplar que resta em termos dos veículos que transportavam o carvão e encontra-se em adiantado mau estado de conservação.

O Museu Mineiro de S.Pedro da Cova, assim como a Liga dos amigos do Museu Mineiro, têm promovido campanhas e eventos que mobilizam a população para a conservação do património . O resultado é visível de forma ímpar e espelha-se no Museu Mineiro de S.Pedro da Cova. Recomendo a visita, é único.

Fizeste uma incursão a uma escola primária em 2014 levando as músicas à criançada. De que forma é que este contributo para a aprendizagem cultural da criançada é significativo e valoroso para ti? Como foi esta experiência?

Sim, por vezes chamam-me para cantar em escolas, Primárias e Secundárias. Para quem gosta de cantar, espalhar mensagem, nada melhor que tocar para as crianças ou para a juventude. Lembro-me de forma grata ,uma vez que fui cantar à Escola do Cerco (Porto), numa noite de gala (Juntamente com os Blind Zero) cujo o objectivo era angariar fundos para uma viagem de finalistas a Itália. Os objectivos foram conseguidos e eu senti-me útil. Lá está, a música em contexto escolar e contexto solidário. Super gratificante.

Que aprendizagem tens adquirido através do percurso entre as pinturas de t-shirts, o activismo através da música/cultura, com o grupo Troika, com o trabalho musical com o Chalana...? De que forma é que te faz crescer?

Em relação às pinturas nas t-shirts, devo dizer que nelas se encontra em 1º lugar o desespero. Não o digo de forma triste porque sempre gostei de desenhar e pintar, mas quando perdemos o emprego e temos família, a gente tem que se virar. Comecei por pintar para mim e em jeito de renovação do meu guarda roupa, fui pintando t-shirts velhas. Entretanto alguém gostou e fui recebendo encomendas. Quase não dá para o tabaco mas é sempre uma ajuda. Em relação ao Troika d’Atães devo dizer que até os dias de hoje é dos projectos onde mais aprendo e onde me sinto mais livre. Comecei por me envolver com o Chalana em acções musicais de solidariedade. Ambos tocávamos guitarra (mal ou bem), dava jeito outro instrumento e o Chalana sugeriu-me o Acordeão. Eu disse-lhe que até gostava mas para alem de não saber tocar eu não tinha acordeão. Um dia ele chegou a minha casa com um acordeão que ele arranjou não sei onde e disse-me: Vasquinho, está aqui o acordeão, agora desenrasca-te. Vou aprendendo pelo youtube e com algumas dicas dos amigos. Adoro o som do acordeão e qualquer dia vou tocar bem. O Chalana convidou-me para o Troika d’Atães e isso foi também a oportunidade de conhecer melhor o João d’Atães (Flautista, actor, artesão, artista multifacetado), oportunidade também de frequentar a música em contexto ideológico. O repertório remonta à fase do PREC e nunca esteve tão actual. Adoro as canções do Zeca, do Adriano, do Sérgio Godinho, do José Mário Branco... O ambiente é fantástico, onde vamos é festa. Entre nós, costumamos dizer que é o nosso grupo de auto-ajuda, tipo terapia, hehehe

Quais são os teus sonhos para Portugal?

Os meus sonhos para Portugal, são justamente a capacidade de Portugal voltar a sonhar. Sonhar e materializar o sonho, porque não estamos condenados e há alternativas. Materializar o sonho de sermos mais independentes, emprego com direitos, justiça social... Parafraseando Sérgio Godinho :” paz, o pão habitação saúde, educação Só há liberdade a sério quando houver Liberdade de mudar e decidir quando pertencer ao povo o que o povo produzir “

Estes são os meus sonhos para Portugal. Obrigado pelo teu tempo, pela tua atenção. Bom trabalho e um abraço.

Obrigado pelo teu tempo, votos de bom trabalho.

Projecto Vidas e Obras

Entrevista: Pedro Marques Correcção: B.T.

01 de Junho de 2016

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