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Entrevista à Actriz Dalila Carmo

Já representa há 20 anos. Que enriquecimento lhe têm trazido todos estes anos?

O crescimento acontece pessoal e profissionalmente ao longo do tempo, seja durante um trabalho, seja durante as pausas com que cada projecto é intercalado. E em todas as profissões há um enriquecimento à medida que vamos aprofundando um caminho, que nos tornamos mais exigentes e com mais noção da responsabilidade e das dificuldades. Ganha-se mundo e maturidade.

Entrou na vida de uma das maiores poetisas portuguesas, Florbela Espanca. Que conhecimentos adquiriu ao estudar a vida e obra da poetisa e ao entrar na sua pele?

Tentei encontrá la através da sua vida e obra. Li e reli tudo. Procurei a sua essência e fiz a minha própria interpretação do material.

Que importância teve para si, para a sua aprendizagem e para a sua formação enquanto actriz a passagem por uma escola de Teatro de Nova Iorque?

Acima de tudo conheci uma grande professora que me deu ferramentas muito importantes para o meu trabalho. Que me ajudou a encontrar tecnicamente soluções para os meus bloqueios como actriz.

Que projectos desenvolveu em Madrid?

Apenas El Tiempo Entre Costuras. Estava la por razões pessoais.

Em Sinais de Vida retractou a vida de uma mãe que perde o seu filho. O que sentiu ao preparar uma situação tão difícil como é a perda dum filho?

Quando preparo uma cena, coloco me naquele lugar, encontro paralelismos com a situação. Não há truques a não ser viver o que está escrito e acreditar com toda a convicção no que estamos a fazer.

É este tipo de personagens que lhe dá mais gozo fazer, pela intensidade que envolvem?

Depende do volume de cenas assim. Mas gosto de fazer muitas coisas. E diferentes umas das outras.

A série Filhos do Rock representa parte importante da história do Rock português. O que significou para si fazer parte da recriação dessa história e desta aposta da ficção?

Adoro a época que a série retrata e o seu contexto e acima de tudo foi um bom pretexto para o regresso a Lisboa a par com a peça que estava a fazer.

Em 2010 participou no filme “Eu Quero Ser Uma Estrela”, de José Carlos Oliveira. Considera essencial falar sobre o problema da prostituição infantil? Como se preparou para criar esta personagem que salva uma criança da prostituição?

Observei. Acima de tudo observei.

Trabalhou em Vale Abraão, um filme de Manoel de Oliveira. Que significou para si trabalhar com um dos grandes cineastas portugueses?

Foi a minha primeira experiência em cinema depois duma curta metragem e fiquei muito feliz. Foi uma época de descoberta. Estava a acabar o curso de teatro...foi uma felicidade imensa.

O facto de ter trabalhado com João César Monteiro (ainda no início da sua carreira) e com Manoel de Oliveira serviram de uma boa rampa de lançamento na aprendizagem e nas bases do cinema?

Boa rampa de lançamento não, mas desenvolveu-me a curiosidade. Essa sim é importante na nossa aprendizagem.

Disse numa entrevista à revista Vip que é muito exigente consigo mesma. Essa exigência tem dado frutos no seu trabalho?

Espero que sim!

Numa entrevista afirmou que a Cultura em Portugal está a ser negligenciada. O que a levou a fazer essa afirmação? O que se pode fazer para a promover e tratar melhor e para que todos tenham acesso a ela?

Começar cedo a criar hábitos nas pessoas através da educação. Devemos criar condições para que mais pessoas possam desenvolver o pensamento e opinião crítica bem como novas sensibilidades, entre outras coisas. Mas não faço política, sou apenas uma espectadora atenta que acredita que o nosso património cultural pode ser rentável se for bem planeado, porque temos matéria prima para isso e pessoas curiosas para o consumir.

Disse ao sítio “atelevisao.com” que fez um esforço enorme para começar a trabalhar na televisão. Quando é que esse esforço se transformou em prazer?

Quando tenho tenho tempo para viver nos entretantos e preparar bem as cenas. É um ritmo absorvente mas que quando abranda um pouco é muito compensador.

Entrou na peça de teatro “Auto da Índia de Gil Vicente”. Que mais-valias lhe trouxe o facto de representar uma peça de um dos maiores autores portugueses de sempre?

Não percebo a pergunta. Todos os trabalhos são mais valias e acrescentam nos qualquer coisa. Informação.

Pode-nos falar sobre a experiência de ter participado em duas Óperas (1)?

Participei numa, Let's Make an Opera, do Benjamin Britten, era uma espectáculo encenado pelo Paulo Matos, que tinha como objectivo precisamente incentivar o publico jovem a ir à ópera. Eu fazia parte do elenco duma primeira parte que era só teatro. Não cantei! (Ópera Segundo São Mateus, é um grupo de teatro)

É autora de várias fotografias com uma beleza extraordinária. Como surgiu o gosto pela fotografia? Não tem fotografado nestes últimos anos ou apenas não tem publicado?

Fotografo sempre que encontro uma razão para isso, mas sem conhecimentos técnicos para isso e sem grande responsabilidade. Apenas uma memória que quero guardar ou o meu olhar sobre um lugar.

Tem alguma história engraçada que gostasse de partilhar connosco?

Assim de repente não me lembro:)

Quais são os seus sonhos para Portugal?

São....muitos!

Obrigado pelo seu tempo, votos de bom trabalho.

Beijinho

(1) - (Ópera Segundo São Mateus, 1994); Let's Make Opera com Paulo Matos (Teatro São Luiz, 1994)

Projecto Vidas e Obras Entrevista: Pedro Marques Correcção: Fátima Simões

2 de Outubro de 2014

02 de Outubro de 2014

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