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Entrevista ao Cantautor Vasco Balio



O que é que a música e a cultura significam para ti?

A música e a cultura, compõem o cenário da minha vida. De uma forma ou de outra, no contexto amador, estive sempre envolvido em actividades culturais. Faz parte da minha vida. Fazem-me bem à alma.

Sei que a música é uma paixão que tens desde criança. Quando é que passaste a pensar que querias ser músico? Foi sempre um sonho teu?

Não sei se foi um sonho ou se pensei em ser músico...sei que cresci num ambiente musical. O meu irmão mais velho, tocava Clarinete na Banda Musical De S.Pedro da Cova, minha irmã mais nova (somos 3) tocava piano e a minha Mãe, escolheu a viola para mim. Família pobre e humilde mas feliz, hehe. Nessa altura eu tinha 9 anos, tinha todos os sonhos e fui aprender com um senhor que tocava Fado...aprendi algumas coisas. Aos 14 anos, tive um acidente de trabalho e cortei um bocado de dedo médio da mão esquerda. Foi um choque e uma frustração muito grande. Durante cerca de 10 anos, não peguei numa guitarra. Depois o resto dava para escrever um romance,hehe...portanto não pensei se em ser músico, acho que mesmo cortando dedo...tinha que o ser, hehe.

Como vês a situação da cultura no país?

Vejo Portugal como um potencial cultural enorme, mas sem Orçamento para tanto potencial. Não devia ser assim...mas é assim, há anos demais.

O que achas que se pode fazer para se inverter a situação dramática que a cultura vive?

Acho que...só mesmo com uma política mais séria e uma sociedade mais exigente. Uma Sociedade, que não destine boa parte do Orçamento do Estado, para vigarices Assim, podíamos apostar mais na Cultura.

Pegaste num poema do Ary dos Santos, num do Jorge Palma e fizeste duas canções. Quiseste fazer-lhes uma homenagem?

O Relógio...do Ary dos Santos, foi um amigo que me sugeriu perante a ideia de musicar um poema, para um Festival no Antigo Hard-Club em Gaia. Eu escolhi o Ary dos Santos, porque já era minha referência como Poeta. Esse amigo escolheu o Relógio... trata-se um poema pequeno, mas sobre várias imagens do tempo e de tempos. A responsabilidade era grande...é Ary dos Santos, mas com a ajuda de arranjos feitos por amigos músicos, acho que não foi disvirtuada a obra do poeta. Foi até autorizada a edição.

Quanto ao “Bom dia”, hehe sou Palmaniaco e estaria tudo dito. Mas, não...um dia destes...um dia deprimente, entrei no meu carro e liguei o CD. Eu andava a ouvir o Quarto Minguante do Jorge Palma e começou justamente essa canção (Bom dia). Alto astral, fiquei mais bem-disposto e nesse dia ia gravar umas canções para o meu CD. Nos ensaios, para aquecer cantava sempre essa, à minha maneira. Foram ficando várias partes gravadas, mas diferentes do original...o pessoal gostou e sugeriram a gravação. Então entrei em contacto com o Jorge Palma no sentido da autorização dos direitos para edição. O Jorge Palma, perdoou-me o assassinato da música e autorizou a edição, hehe.

O que é que eles representam para ti?

São referências de uma carga simbólica muito grande. O Ary, pela forma profunda e sincera, de como ele escreveu o amor, a coragem, a liberdade... acho que morreu cedo demais. Ainda assim, parece que está vivo. Quanto ao Jorge Palma, representa para mim várias qualidades numa pessoa só, hehe. Adoro o que ele escreve, as histórias que ele canta, o piano e a guitarra.

Que outros músicos, ou escritores de protesto é que admiras?

Eu preferia catalogar por: Escritores de Intervenção Social. Acho que deveríamos deixar de ver o estereótipo de um cantor que é de esquerda, com uma boina a protestar. Actualmente revejo-me na Intervenção Social de Jorge Palma, Pedro Abrunhosa porque usam a metáfora com imagem...depois existe o hip hop que é um género musical particular de Intervenção Social. Usa o cartaz, como mensagem crua e eu também gosto. Gosto do Sam The Kid, do Valete... Claro, há os intemporais como o Zeca Afonso, Fausto, Sérgio Godinho, José Mário Branco, Luís Cília, Adriano Correia de Oliveira...Samuel Quedas...

Achas que os músicos e bandas – mesmo as de garagem, que não sejam tão conhecidos –, têm a promoção devida?

Claro que não. É só chegarmos ao Verão para confirmar. São milhares de euros gastos em bandas que vêm de fora, promoverem-se em Portugal nos melhores palcos, tratados como estrelas e a ganhar bem...digo eu. Nada tenho contra bandas estrangeiras e quando posso vou ver também, mas parece-me que assim não vamos lá. Uns dizem que é, o que o pessoal quer ouvir...eu acho que os concertos de Verão em Portugal já estão institucionalizados, as pessoas já não vão só pelo cartaz. Deviam promover mais bandas portuguesas, tratá-las como estrelas e pagarem-lhes em conformidade...ficava mais barato e Portugal ganhava mais.

E quanto às bandas que caem no esquecimento, achas que seria possível haver outro tratamento para elas?

Quando as bandas caem no esquecimento...acabou. Foi bom mas acabou. Poderá eventualmente numa onda revivalista voltar a ser lembrada, mas será lembrada pelo o que era. Acho um erro quando uma banda tenta reabilitar uma carreira ou um projecto. O melhor é mesmo começar com algo novo, com outro nome.

De que forma é que se devia tratar a música, os artistas e restantes técnicos que fazem com que a música aconteça?

Deviam ser todos tratados por igual. Claro que há sempre aquele ritual de venerar o artista porque é a parte mais visível do trabalho. O trabalho depende dessa parte visível e aí o trabalho dos técnicos é imprescindível. A música que ouvimos em casa passa por muitos processos antes de nos chegar ao ouvido. Em 3 minutos de canção, existe mais gente a trabalhar para além do próprio artista. Muita gente não considera a música um trabalho, mas é. É um mercado, uma indústria, muitas vezes conotado com a mais velha profissão do mundo. Eu já fui Roadie e acompanhei uma banda nacional. Tive a oportunidade de conhecer excelentes roadies, que são também excelentes músicos.

Consideras que o trabalho do Ary, e de outros artistas como o Adriano Correia de Oliveira, podiam – e podem ser –, mais bem tratados?

Acho que vão sendo horas do ensino incluir poetas, escritores mais contemporâneos no seu programa de educação. Constacto que para além da fraca divulgação do Ary ou do Adriano C. de Oliveira (entre outros), ficou um legado de canções e poemas que resistiram, que continuam a fazer sentido no contexto actual e que existe também, novas gerações a despertar para tributos etc.

Dizes na tua página do Facebook que queres a mudança! O que é que mudavas em Portugal?

Hehe... quando abri a página no facebook, não foi por uma necessidade de socializar. Foi por uma necessidade de divulgação do meu trabalho musical. Acontece que facebook pergunta a minha ideologia politica e mesmo eu não sendo obrigado a responder, não quero o meu lado artístico amputado politicamente ou castrado como dizia o Ary dos Santos. O que sou, sou...embora por vezes, eu reparta a responsabilidade do que sou, com umas caricaturas de mim, que eu desenho e costumo usar como foto de perfil, hehe... é o meu alter-ego. Quando eu escrevo, “ Quero a mudança por isso voto CDU”, é porque eu acho, que é chegada a altura de sermos práticos e usarmos as ferramentas, que esta democracia ainda nos oferece. Porque foram anos de luta, sangue, suor e lágrimas para ter direito a votar. Os Portugueses, foram-se esquecendo disso e deixaram de participar na democracia com um elevado nº de abstenção. Já lá vão quase 40 anos, a apostar num modelo económico, que é o mesmo. Não temos iniciativa em nada, a não ser copiar modelos e sempre reféns de um FMI, do modelo económico europeu ou de uma troika qualquer. Os 3 partidos que governam não nos oferecem perspectivas diferentes... há quase 40 anos. Alguém acredita que a dívida vai acabar? Sempre reféns de qualquer coisa?... reféns de nós próprios, isso sim. Há mais partidos, usemos as ferramentas democráticas, é preciso participar. Dentro desse contexto democrático, eu sou de esquerda, sou comunista, sou democrata e revejo-me na CDU, coligação com um Partido Ecologista... Os Verdes... e não é por eu ser do Sporting. Se tivermos que sofrer, então que seja por outro tipo de sociedade, com gente que sonha, que tem vontade, com uma sociedade mais séria e humana em que tenhamos um pingo de orgulho em quem nos governa. Encontro esses valores na CDU... portanto, conforme sou músico sou cidadão e no uso da cidadania... eu voto CDU. Ah...umas das razões que pela qual revelei a minha ideologia politica, foi porque a clandestinidade acabou e eu não ia prestar um bom serviço, em honra da sua memória.

Porque achas que as pessoas não votam noutros partidos alternativos?

Acho que entretanto, a sociedade portuguesa foi-se embriagando numa sociedade capitalista, para a qual, não tem argumentos. A imagem dos políticos que tem estado no governo, não é nada abonatória em nome da honestidade. Uma boa parte do povo português, foi assumindo isso como um dado adquirido e dizem que são todos iguais. Existe também a frustração do perder e há pessoas que continuam a votar nos mesmos, só para sentirem...O MEU PARTIDO GANHOU! Um acto, que eu acho um pouco masoquista, porque não se trata de futebol...quem ganhou, vai influenciar directamente as nossas vidas, o nosso futuro. Apesar do cenário negro que está para durar, sou optimista e acho que tanto a CDU como o Bloco estão crescer e serão governo quando o povo quiser. A Sociedade Portuguesa, assim como a Europeia, vai precisar de políticas sociais, de Socialismo de verdade. Assim evitamos a guerra.

Com 30 anos de carreira, o que mais te deu gozo fazer? Quais foram os concertos que gostaste mais de fazer, os de garagem ou noutros palcos?

Eh pá, eu até costumo dizer, que vou contar este ano 43 anos de carreira, neste espectáculo, ou circo que é Portugal, hehe. Nasci em França, fruto de uma aventura de emigração mal sucedida dos meus pais e vim para Portugal com dois anos de idade. Na verdade, nunca fui à televisão. Algumas rádios amadoras e de comunidades portuguesas, volta e meia dão uma ajuda e passam músicas minhas. Carreira amadora sim,... com pretensões profissionais mas até hoje, tem sido amadora. No entanto, já fiz muitos concertos longe da ribalta, muitas noites...bares, festivais de garagem... já fui cantar ao Algarve (Tavira), a Trás-os-Montes, fiz algumas primeiras partes de bandas nacionais (Peste & Sida,Blind Zero...Ana Malhoa )... acho que gostei de todos esses momentos, sem dúvida. Os concertos de solidariedade, de razões humanitárias, são lembrados com mais profundidade. Cantei 2 anos no Hospital de S.João no Porto, na Missa dos doentes, participei no Natal dos Hospitais em Penafiel... e houve uma vez que me convidaram para cantar no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira...foi marcante.

Tem sido fácil promover o teu trabalho?

Não. É preciso investimento. Vou tocando e cantando as vezes que posso, tentando pôr no ouvido das possíveis e escassas plateias, as minhas cantigas. Ora, promover um trabalho, é muito mais que isso.Não basta talento ou muita vontade.É preciso investimento para produzir num estúdio que dê nome ao teu trabalho, é preciso um vídeo com qualidade e o acesso aos media...isso custa muito dinheiro. A música é um mercado.

Quando gravaste o teu CD foi por edição de autor, mas era isso que querias, ou foste mesmo obrigado a fazê-lo?

O meu CD é o resultado de uma pré produção. As canções, estão lá, gravadas na sua essência, mas falta masterização etc. Nesse sentido, eu “pressionei” ou dei a conhecer o meu trabalho, a todas as editoras e mais algumas, a produtores, a rádios, a canais de televisão, usando os meus meios... e-mails, a internet ,telefonemas e alguns contactos pessoais. Ao fim de 2 anos, ninguém demonstrou interesse sem o investimento financeiro da minha parte... a não ser uma ou outra editora alternativa, que em nada me poderia ajudar e ainda ficavam com direitos sobre o meu trabalho. Então, decidi ser eu próprio a ter o gozo de fazer a edição... mesmo sabendo que tecnicamente, o trabalho não estava acabado. Pedi ajuda a patrocinadores amigos, editei um livro juntamente com o CD, com as letras, desenhos etc. e incluí os logótipos das empresas patrocinadoras. Consegui dinheiro para editar o mínimo permitido pela empresa que fabricou os Cd’s e pela SPA...300 cd´s... ao todo, devo ter precisado uns 1000 €. Não foi da maneira que eu queria, mas acabei por adorar como foi... foi uma aventura, aprendi muito. Os Cd´s voaram num mês, deu para pagar a pré produção, a edição e ainda deu, para sobreviver e pagar contas da minha condição de desempregado. Acho que quem não apostou, perdeu um bom negócio...ainda hoje me pedem cd’s.

Há facilidade em arranjar editora? Se não, porquê?

As editoras, já só apostam em factos confirmados. As novas tecnologias, internet etc., condicionaram a venda de discos. A Valentim de Carvalho sobrevive graças aos serviços que presta a canais de televisão, a Universal deixou de ter representação em Portugal,... restam as editoras como a Espacial, que gere a música chamada de “Pimba” e as alternativas, que são...uma tanga. Porque, penso eu, que um artista espera de uma editora, o que uma editora alternativa não tem para dar...Meios financeiros para divulgação. O ideal, será arranjar um agente de espectáculos, que consiga divulgar o artista e se tiver sucesso... aí sim, possivelmente haverá alguma editora com meios, a manifestar interesse. De que forma é que pode haver uma melhor promoção da música e da cultura em Portugal? É preciso outras políticas. Outra sociedade, que olhe para a cultura Portuguesa como um potencial, que canalize as verbas do erário público que são gastas em vigarices, para a cultura, para apoiar aqueles que têm potencial, mas não têm verbas para chegar á montra.

As tuas letras das músicas falam sobre os problemas sociais. Isso acontece porque achas que deves passar uma mensagem importante ao público?

A música não tem que ser necessariamente um código de mensagens. Ela pode ser só para divertir ou dançar. Eu enquadro-me na canção e na mensagem, porque é o que eu mais gosto, mais me sinto à vontade e porque faz todo o sentido nos dias em que vivemos.

Num texto que publicaste no Verão de 2010 afirmavas que estão a matar a música portuguesa pois os festivais convidam artistas e bandas estrangeiras. Explica-me porque dizias isso? Achas que neste momento consideras que já tem havido outro tratamento – se tem melhorado?

Sim... nos últimos anos tenho feito uma pesquisa sobre os cartazes dos festivais e concertos, particularmente na época alta, no Verão. Constacto que a maioria das Bandas Portuguesas (contando com a garagem) usam nomes Ingleses e cantam em Inglês... mais as estrangeiras, que levam a grande fatia do dinheiro. Esse texto que publiquei foi resultado de várias pesquisas que eu fiz. Foi um texto que muita gente não encaixou, inclusive, um ou outro suposto amigo que ficou chateado comigo. Mas eu disse a verdade e quando muita gente fala sobre a viabilidade da música e da cultura portuguesa, nega esse facto que é evidente e que é a meu ver, umas das maiores razões do nosso insucesso. Acho que tem sido sempre esse tratamento, não mudou nada. Talvez uma crise seja o momento ideal para mudar mentalidades.

Qual achas que será a razão? A qualidade das bandas?

Acho que não é a qualidade das bandas que está em causa, mas sim a mentalidade da sociedade Portuguesa.

Tem havido alguma mudança de mentalidades no que se refere à forma como as pessoas vêem o trabalho do artista nestes últimos 30 anos?

Acho que não. Ainda existe muito aquela mentalidade, de que um artista é um malandro e a música não é um trabalho.

Segundo consta, és desempregado de Ourives. Consegues viver com a música?

Sou mesmo. Ourives desde puto, desde os 14 mas aos 12 comecei a trabalhar como metalúrgico. Fui artesão de ourivesaria em Prata e em Ouro. Os meus últimos 5 anos de Ourives, vivi-os com viajante, vendedor. Corri Portugal de lés a lés. Não consigo viver da música, vou vivendo de biscates. De há 6 anos para cá, já fui motorista, professor de música, roadie...e músico... quando me pagam.

Tens os concertos que gostarias de ter ou gostavas de ter mais?

Gostava de ter mais concertos e sobretudo, melhores condições. Estou um bocado cheio, de não ter dinheiro para cordas.

Achas que é correcto dizer que 'os artistas vivem do ar'? Tu vives do ar?

Ninguém vive do ar, é preciso comer e condições para ter ânimo, para continuar a criar. Os artistas, é que são uns apaixonados pela arte e alguns sobrevivem em condições miseráveis.

Eras Ourives por gosto? Ou era para poderes pagar as tuas contas e poderes viver?

Começou por necessidade, tive que trabalhar cedo mas a Ourivesaria é uma Arte e eu adaptei-me. Não tive muitas oportunidades de criar peças, mas criei algumas. Eu gosto de desenhar e tive gosto em ser Ourives.

Gostavas de viver da música, ou seja trabalhar unicamente no mundo dela da cultura?

Claro que gostava, mas independentemente de um potencial sucesso ou insucesso, eu já sou feliz na música, há música em mim e isso tem um grande efeito terapêutico nas minhas frustrações do quotidiano. Para quem cortou um bocado de dedo aos 14 anos, que nunca mais sonhou em pegar numa guitarra... dar comigo mais tarde em palcos, a fazer canções, com alguns troféus amadores a decorar a minha sala... por vezes a pagar a conta da luz e da água com a música... acho que tem sido uma conquista. Claro que alimento também o sonho de “viver da música”, porque isso alimenta a chama de um trabalho melhor e mais profissional. Não vivo com a pressão dos grandes artistas... até não me importava, hehe.

Achas que ainda é possível viver-se da música? Quem é que consegue – todos ou só alguns sortudos?

Suponho que viver da música é uma aventura de risco muito grande. Pretender viver da música no mercado Português, por estes dias e nos próximos, só os loucos mesmo. Por isso, muitos assemelham a música, á mais velha profissão do mundo. Existe muita prostituição de valores. Regista-se essa falta de valores, por vezes mesmo na garagem. A música é um sonho e quem arrisca uma vida no sonho tem que estar preparado para isso.

Obrigado pelo teu tempo, votos de bom trabalho.

Projecto Vidas e Obras

Entrevista por: Pedro Marques Correcção por: Sílvia Dias Obrigado eu ...e um abraço.

15 de Janeiro de 2013

15 de Janeiro de 2013

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