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Entrevista A Beatriz Monteiro – Actriz

  • projectovidaseobras
  • May 4, 2022
  • 4 min read

Updated: Sep 21, 2022



Começou pela representação aos 4 anos e, antes de se dedicar à formação, participou em várias séries e telefilmes: “Pai à Força”, “Maternidade”, “Vá Cavar Batatas”. Em que é que estes primeiros anos de trabalho foram determinantes para a sua formação enquanto actriz?


Acho que foi muito interessante todo o processo de trabalhar como actriz sendo criança. Foi incrível para o fazer tranquila, apenas focando em divertir-me e aproveitar a parte mais divertida da profissão. Fazê-lo sem consciência da responsabilidade de tudo aquilo. Foram importantes porque aprendi as bases com actores incríveis, que até hoje guardo no meu coração. Não há como aprender com os melhores.

Fez o curso profissional de Interpretação da Escola Profissional de Imagem e fez a licenciatura no Theatre Arts. O que aprendeu na escola profissional e em Inglaterra, quer através do curso, quer através das várias culturas com que se cruzou na Theatre Arts?


Adorei a base do curso em Londres. No primeiro ano da licenciatura não temos notas. Acontece porque somos obrigados a fazer um pouco de tudo. Encenação, Acting, Adereços, Luzes, Som, Cenários, Produção, Figurinos... Todas as profissões à volta do Teatro. “Obrigam-nos” por acharem que é importante para um actor ter noções básicas de tudo o que os rodeia, para estarem mais atentos, pacientes e compreensivos com o trabalho do outro. Relativamente ao curso foi essa a base principal. Nunca mais vou estar num ensaio técnico de luz a achar que estou à seca, porque já soube o que era estar do outro lado tecnicamente.


Referiu num vídeo que fez para o Facebook em Julho de 2020 que não teve uma fácil e imediata valorização depois da conclusão do curso. Para si, o que é preciso para haver valorização e oportunidade para quem estuda teatro, cinema e outras formas de artes e cultura?


Na verdade, e acho que só iria ser possível isso acontecer através de uma lei, como uma carteira profissional, como acontecia há uns anos. De outra forma parece-me impossível porque é um mercado muito pequeno, com muitos vícios.

Sinto que até hoje, não existe qualquer valorização do meio para com a minha (ou qualquer outra formação). Já fui a castings onde me questionaram o número de seguidores nas redes sociais, e nunca a minha formação artística.

Com o tempo percebi que a formação toda que fiz e continuo a fazer serve apenas e só para mim, como artista e pessoa, e é o mais importante. Não tirava 1 dia de formação dos que já tive!


Participou na série “O Atentado”. O que significou para si para si representar sobre a luta dos Anarquistas contra o ditador Salazar e o Regime?


Na verdade toda e qualquer personagem que tive até hoje são importantes. Têm todas uma história, que talvez não seja a minha, mas será a de alguém certamente. É uma responsabilidade maior relatar episódios de história de Portugal.


Desde cedo se tem dedicado ao teatro, cinema, televisão e agora ao canto e apostou na formação de teatro e de actriz. O que significa o seu trabalho e o seu estudo nessas áreas?


Significa que ninguém é um produto acabado. Como actriz aprendo todos os dias. Uma das minhas coisas preferidas é observar pessoas. No supermercado, ginásio ou mesmo a andar na rua. Sinto que estamos constantemente a estudar o mundo e as pessoas, e adoro isso na minha profissão.

Relativamente ao canto, é mais um hobby que me acalma. Quando passo por momentos mais difíceis, tocar no meu piano e cantar são o meu porto de abrigo.


De que forma isso a tem motivado e a tem feito crescer enquanto mulher, actriz e cantora?


Acho que quando decidi, com 14 anos, entrar na Escola Profissional de Imagem, foi quando comecei a dar o meu primeiro passo para crescer. O meu maior crescimento pessoal e profissional foi ter ido viver para Londres com 17 anos, sozinha. Estudar, trabalhar e viver. E não tenho palavras para descrever o crescimento pessoal e profissional que tive. Quando me encontrava com amigos, nas férias, diziam-me tanto “estás diferente, cresceste muito (e não é de tamanho que o meu metro e sessenta mantém-se desde cedo).

Relativamente ao canto, ajudou-me viver num meio onde ninguém julga, ninguém olha para alguém de lado, e ninguém procura a falha. Antes tinha vergonha de cantar e de expor. Mas depois percebi que não tenho que ser cantora para gostar de cantar, ou saber cantar. Pode ser só algo que adoro fazer quando e porque me apetece. E faço-o cada vez mais!


Em 2020 foi co-protagonista e teve a ideia original da peça «A Síndrome da Culpa», com encenação de Sofia Espírito Santo. O que significou para si este projecto como co-protagonista e com a sua ideia?

Este projecto surgiu no meu projecto final individual na faculdade. Surgiu a partir da ideia de uma escape room que avançou para teatro imersivo. No dia em que apresentei o projecto aos meus professores, pais e amigos em Londres, o feedback foi óptimo. A minha coordenadora de curso até me disse: Este projecto tem pernas para andar, mesmo que não seja neste país, não deixes de pensar nele. Eu ri-me. Pensei logo “A professora não sabe a dificuldade que é alguém me abrir portas numa sala em Portugal”. A verdade é que a primeira pessoa a alinhar foi a Sofia Espírito Santo. Juntei mais 3 actrizes, agarrei no projeto e fui ao Teatro Amélia Rey Colaço que nos acolheu e permitiu esgotar 6 sessões.


A 10 de Maio de 2020 interpretou e deu voz a um texto de Bruna Gonçalves sobre violência doméstica. Que importância tem para si poder dar vida a um texto sobre uma problemática tão delicada?


Na altura fez-me especial sentido. Estávamos a meio da pandemia. A Bruna contactou-me através das redes socais, li o texto, chorei, chorei, chorei. E gravei à primeira. Saiu-me naturalmente. É um tema que me toca muito, e foi gratificante sentir que podia estar a ajudar uma pessoa que fosse. O vídeo tornou-se viral. Recebi centenas de mensagens com relatos pessoas. Chorei bastante novamente. De tristeza pelas situações, de felicidade por tanta superação que li, e por saber que aquelas pessoas estavam a confiar em mim e agradecer pela situação e por ter falado.


Quais são os seus sonhos para Portugal?


Gostava que fosse sempre possível trabalhar nesta área, e a curto prazo gostava de voltar a colocar “A Síndrome da Culpa” em cena.





Obrigado pelo seu tempo, votos de bom trabalho.


Projecto Vidas e Obras

Entrevista: Pedro Marques

Correcção: Fátima Simões

04 De Maio De 2022


 
 
 

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