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Entrevista a Detlef Schafft

Entrevista a Detlef Schafft – Actor, Músico, Palhaço e Fundador e Director da Companhia Marimbondo

Inauguraram em Fevereiro o Museu Momo, em que a vossa premissa é dar “cor, brincadeira e alegria" Acredita que pode ainda despertar as pessoas para a luta pelas artes, pela cultura, contra o cinzentismo? Que importância dá ao museu e à premissa “cor, brincadeira, alegria”?

O Momo – Museu do Circo, foi criado com 2 propósitos principais. Dar a conhecer a história, gentes e vivências do circo nas suas vertentes tradicionais e contemporâneas e proporcionar momentos de espectáculos, partilhas, oficinas, tertúlias, etc. Vejo o Momo, como uma ilha, um local de ponto de encontro, onde, cada um que por lá passa é momentaneamente retirado do seu dia-a-dia rotineiro. Um espaço que proporciona a partilha, troca de opiniões e experiências; um local onde se pode sonhar, desenvolver e estimar o gosto pelo colorido; partindo da premissa que o “cinzento” não é um estado normal…

"Lutámos também nestes anos contra os homens cinzentos que andam por aí a envenenar a nossa vida" Na sua opinião, o que será necessário ainda para mudar estes muitos homens cinzentos?

Penso que esta questão se centra na educação no sentido mais lato. Educação que permita entender que a cultura, faz tanto parte da vida como comer e dormir; que é um direito. A união dentro da cultura e a força que com isso se cria, afasta a ignorância e o “cinzento”. Para mim é tão ou mais importante a felicidade das pessoas do que o pib nacional.

Promovem Festival Medieval de Marionetas; Encontro Português de Malabarismo; Marionetas ao Centro.

O que o tem motivado a promover o Malabarismo, as Marionetas, a Música, a arte de ser palhaço?

Começo por uma pequena correção – o Festival Medieval é feito pela companhia SA Marionetas de Alcobaça.

Volto à partilha… À possibilidade de combater a carência de acontecimentos culturais, de poder promover a fruição de espectáculos e técnicas que nunca se verão se não o programarmos; para que se possa despertar e formar públicos; para promover a educação pelas artes.

Em que é que estes trabalhos e esta experiência são determinantes para o seu desenvolvimento enquanto artista? E o que tem aprendido ao longo de mais de 29 anos de itinerância, participação em inúmeros festivais de teatro, feiras medievais, de malabarismo, entre outros?

As artes performativas são, no meu ver, para quem decide fazer delas a sua profissão, determinantes não só no sentido do artista, mas acima de tudo só se completam com a presença do público. Enquanto artista, pretendo ser fiel a mim próprio e às minhas temáticas e interrogações. Ou seja, quero apontar o dedo a questões que talvez de outra forma as pessoas não possam ou não queiram ver; quero também criar peças, animações que o público não só aprecie, como entenda. O contacto com outros criadores, outras abordagens é, obviamente, sempre enriquecedor.

Na Conversa Sobre o Teatro Para a Infância e Juventude que o Festival Acaso do Grupo Teatro O Nariz organizou quando se falou em apoio para as artes, que gostavam que fosse 1%, disse que lutava pela igualdade. O que o leva a lutar pela igualdade e na sua opinião, como se conseguirá essa igualdade e em é que pode ser benéfico para o país e para o povo?

1%?? Porque não abolir o exército e transitar essa verba para a cultura? Sei que é uma proposta onírica, mas a Costa Rica fê-lo há várias décadas – investindo na educação, etc. – e posso dizer que ao visitar o país se nota… Essencialmente acho que o apoio estatal deveria ser para os grupos iniciantes; as companhias estabelecidas já deveriam ter o seu público mais do que adquirido. A distribuição pelo país (apesar de aos poucos se estar a tentar ir nesse sentido) também deveria ser mais igualitária, mais justa.

Quais são os seus sonhos para Portugal?

Uma floresta verdadeira, o que significaria o fim da monocultura dos eucaliptos. O que tem isto a ver com cultura? Tudo, pois uma população culturalmente desenvolvida tem opinião e intervenção em todos os aspectos do seu país.

Obrigado pelo seu tempo, votos de bom trabalho.

Projecto Vidas e Obras Entrevista: Pedro Marques Correcção: David Cruz

01 de Fevereiro de 2020

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