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Entrevista a Pedro Paulo Cruz

Entrevista a Pedro Paulo Cruz Que Dirige A Página Luiz Carlos Prestes Com A Revolução Rumo Ao Socialismo


O que o levou a criar esta página de homenagem e de consciencialização do valor social do trabalho e que pretende rumar para o Socialismo? Conheci Luiz Carlos Prestes na década de 80 do Século passado, eu ainda jovem me preparando para o vestibular, pleiteando uma vaga no curso de Ciências Sociais e ele já octagenário, mais com uma enorme vitalidade pregando o seu ideal socialista, com o qual logo me identifiquei. Após anos de militância na juventude que defendia seus ideais e convivendo diretamente com ele passei a admirar a sua qualidade de lutador, sua abnegação em prol dos ideais que sempre defendeu de um Brasil justo, soberano e da necessidade da luta pelo socialismo. Após seu falecimento em 1990 ainda não tínhamos essa expansão da internet e nem as redes sociais, porém com esse avanço tecnológico e devido à grandeza e importância histórica de Prestes para o Brasil e para a luta pela democracia e pelo socialismo no Brasil eu resolvi criar a página no Facebook para divulgar principalmente aos mais jovens a vida, a história e os ideais de Luiz Carlos Prestes, assim como ele dizia em suas palestras que “estava colocando um tijolo, na construção do socialismo”, a página é minha pequena contribuição. Foi militante do movimento estudantil durante os anos 80, como é que foram estas lutas? Que aprendizagem retirou para as batalhas de hoje? Como é que os movimentos juvenis e estudantis podem tirar partido de reivindicações como a dos anos 80 e as lutas do Luiz Carlos Prestes? As lutas do movimento estudantil dos anos 80 estão ligadas ao momento histórico que vivenciamos, o retorno a “democracia” no Brasil, a luta pelas eleições diretas para Presidente, a defesa do ensino público, gratuito e de qualidade e a não privatização do ensino público são essas as bandeiras de lutas. A UNE entidade máxima do movimento estudantil no Brasil nasce em um momento de grande efervescência política ela participa ativamente de grandes campanhas populares, ligadas às massas, como o Petróleo é Nosso e da luta pela redemocratização do Brasil, o movimento estudantil, ligado a Prestes ele resgata essa ligação das entidades estudantis ligadas à luta do trabalhador, do povo brasileiro e na defesa das reivindicações mais urgentes dos estudantes, tentando transformar todas essas lutas em lutas organizadas. Depois de lhe ter pedido uma entrevista através da página, referiu-me num breve texto que esteve nas lutas/ lutou lado a lado com Luiz Carlos Prestes depois do seu último exílio. Pode-nos contar como foi essa experiência? Desde que começou a estudar sobre a vida, obra e activismo deste revolucionário, o que aprendeu? Como é que essas lutas foram essenciais para a sua formação enquanto pessoa e como homem de esquerda? Uma experiência gratificante, e importante para formação e consolidação de valores com os quais convivo, a questão de acreditar na luta, a força do marxismo-leninismo, a importância de estar sempre estudando e conhecendo nossa realidade, assumir os erros ou até nossa incapacidade em resolver determinados problemas. O convívio com Luiz Carlos Prestes foi algo que marcou em minha vida. O legado de Prestes como homem de ação e de defesa intransigente de seus ideais de luta pelo socialismo são essencial para a luta do povo brasileiro na atualidade. Mencionou igualmente que defende a memória política e ideológica de Luiz Carlos Prestes. Para si de que forma é que a memória é essencial para o progresso do Brasil e do Mundo? Como pode a sua aprendizagem e o trabalho do Prestes serem essenciais para uma consciencialização da luta, da sociedade e se encare a vida de outra forma e se embarque para a luta? Luiz Carlos Prestes faleceu aos 92 anos, lúcido e ativo, foram quase setenta anos de presença marcante na História do Brasil e até internacional, sua militância em prol da democracia e do socialismo o transformaram no principal intelectual orgânico do socialismo no Brasil e no principal dirigente comunista de nossa História, a sua memória portanto, sua história de lutas e as posições políticas que assumiu são uma bandeira para a luta dos trabalhadores no Brasil, em Cuba Fidel comandou a Revolução e teve Martí como uma bandeira, na Nicarágua tivémos a bandeira de Sandino e mais recentemente a figura de Bolivar foi a bandeira do chavismo. Ou seja o processo revolucionário necessita de lideranças e de ideais que o organize e a herança de Luiz Carlos Prestes é a necessidade de luta pelo socialismo principalmente nessa encruzilhada em que se encontra a humanidade. Na Página sobre Luiz Carlos Prestes partilhou uma fotografia dos 96 anos do Florestan Fernandes. Para além de sociólogo, era também marxista. O que é que se pode aprender com o seu trabalho. O que é que a sua obra o fascina? Sou modesto sociólogo, e Florestan Fernandes no meu modo de pensar é o principal intelectual no Brasil a tentar uma aproximação com o marxismo, a sua contribuição para o campo da educação, da política, da sociologia é imensa, ele consegue avançar na compreensão da realidade brasileira, pensar o Brasil como um país capitalista, em sua obra A Revolução Burguesa no Brasil é dado um salto de qualidade na analise da realidade brasileira nos mostrando que a luta para um comunista no Brasil é pelo socialismo e não por etapas nacional-libertadora ou democrático burguesa, algumas tarefas que caberiam à burguesia, devido ao modelo autoritário e dependente do nosso capitalismo, não serão realizadas pela burguesia e sim pelo proletariado. Isso Florestan deixa de legado para os futuros cientistas sociais e para os que desejam transformar a realidade brasileira. Também aborda o trabalho de poesia de Vladimir Maiakovski, Clara Zetkin e a expressão plástica dos cartazes soviéticos. Que aprendizagem se pode adquirir com a literatura, a poesia, a arte e com a memória da união soviética? A arte em todas as suas manifestações possuem carácter de classe, o importante de destacar a arte no período socialista da antiga URSS é ver que o socialismo não é nada mecânico, fechado, que existe liberdade de expressão e produção artística, claro que um novo poder sofre as intervenções do velho poder e de seus aliados e a guerra ideológica foi algo de muita força na URSS, pois a mudança mais difícil após a Revolução é a mudança de mentalidades que está enraizada por gerações. Os Taiguara compuseram uma música em homenagem a Luiz Carlos Prestes. De que maneira é que partir de músicas e outras formas de expressão artística podem ser uma arma poderosa quando se quer ensinar e levar mais além a vida e obra do Carlos Prestes? O Taiguara mais recentemente, e tivémos grandes poetas e outros músicos como Paulo da Portela, que fez um samba em homenagem ao Prestes. Acredito que todas essas homenagens do meio artístico tem uma grande importância pois sai um pouco do campo frio da política e realça emoções, o que também tem sua importância, até cordel foi feito sobre a vida de Luiz Carlos Prestes, e no sertão brasileiro que pode atingir melhor as massas deserdadas dos mínimos direitos de cidadania o cordel ou uma palestra mais política? Partilhou sobre os feitos de Ho Chi Minh e um discurso de Staline sobre a vitória da União Soviética. Como é que devemos olhar para o trabalho destes dois grandes líderes, dos povos vietnamitas e dos soviéticos? Que ensinamentos podemos retirar sobre estas lutas para as que travamos hoje?

Sim acredito que a história do socialismo real deve ser difundida, a luta ideológica é muito feroz, as distorções sobre o socialismo atingem até a elementos honestos que podem ser ganhos para a verdade histórica a respeito do socialismo, erros e acertos devem ser colocados sempre, por exemplo, quem acreditaria na vitória de um país pequeno contra uma potência militar e econômica, o povo do Vietnã e suas lideranças comandadas por Ho Chi Minh e os comunistas infringiram uma derrota humilhante ao império e provaram que quando se luta por um ideal e se tem unidade a vitória pode ser alcançada independente do inimigo que se está enfrentando. E Stálin tem toda uma história de luta contra o avanço do nazi-fascismo. Quem derrotou o nazi-fascismo foi a URSS e a história oficial quer sempre deturpar esse fato, mesmo após a invasão da URSS e a perda de 20 milhões de vidas soviéticas um país atrasado até 1917, que enfrentou a guerra civil, a invasão de potências estrangeiras, pode-se organizar, construir uma indústria de guerra e mobilizar o povo para a luta, o Partido ganhava as massas mesmo diante de todas as dificuldades impostas pela guerra. Quais são os seus sonhos para o Brasil e para Portugal? Acredito que no momento a situação de Portugal esteja melhor do que a nossa aqui no Brasil, sempre torço para que o povo português tenha sua democracia consolidada e avance economicamente para o bem estar de seu povo, aqui no Brasil a situação anda complicada com o avanço político de uma extrema-direita quem vem-se mostrando a cada dia mais apta a utilizar a violência como forma de atuação política, temos de estar atentos para conter esse avanço de características fascistas no Brasil, o sonho hoje no Brasil é conter o avanço do fascismo e a ampliação da democracia com justiça social para milhões de brasileiros que se encontram à margem da sociedade em pleno Século XXI. Pedro Paulo Cruz. Rio de Janeiro 27/01/2020.

https://www.facebook.com/LuizCarlosPrestesComARevolucaoRumoAoSocialismo/?epa=SEARCH_BOX Obrigado pelo seu tempo, votos de bom trabalho. Projecto Vidas e Obras Entrevista: Pedro Marques Correcção: Ana Bastos 27 de Janeiro de 2020

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