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Entrevista a Mariana Gomes da MG Agentia



A sua formação é em Microbiologia e Radiologia, e também em gestão de empresas e projectos. O que aprendeu com a sua formação em Microbiologia e Radiologia e como gestora?

Tenho um percurso académico multidisciplinar porque sempre gostei de estudar várias disciplinas que em nada se assemelhavam. A Microbiologia ensinou-me a ser rigorosa, analítica e extremamente detalhista em tudo o que faço. A Radiologia exaltou a minha forma de comunicar com o outro, algo que me fascinava e que num laboratório percebi que jamais iria conseguir desenvolver. A empatia, persistência e resiliência face a todas as experiências que tive em âmbito hospitalar em Portugal e durante o programa Erasmus, foram sem dúvida essenciais para a minha forma de encarar a vida e o trabalho até hoje.

O curso de gestão empresarial surgiu como uma necessidade adicional de formação, visto que ao terminar o curso de Radiologia em 2010 o mercado de trabalho estava sem capacidade para absorver todos os técnicos de diagnóstico e terapêutica, que na altura se estavam a licenciar. Assim, dediquei-me à Gestão de Empresas e Marketing e apaixonei-me pela amplitude de oportunidades que o curso me oferecia. Acabei por trabalhar com empresas no âmbito da impressão gráfica e desporto até tomar a decisão de abrir a agência. A Gestão de Projectos foi mais uma formação complementar que fiz porque sentia que precisava de ferramentas para concretizar todas as ideias que tinha. Continuo até hoje em busca de formações que complementem o que quero desenvolver, desde idiomas como o espanhol ou mesmo de caráter humanitário como o WASH (Water Sanitation Hygiene). Projectos e ideias não me faltam.


O que a tem motivado a abraçar novas descobertas e trabalhos com perspectivas diferentes?


Gosto de dar vida a ideias minhas e de pessoas nas quais acredito.

Sair da minha zona de conforto para perceber o que realmente gosto de fazer tem sido muito importante e motivador. Quando as oportunidades surgem por mais inusitadas que sejam, gosto de as experimentar pelo menos. Se depois não for bem o que esperava logo se muda o caminho, mas ao menos experimento e sei que não era por ali que queria ir.


O que a levou a abraçar a MG Agentia na promoção e gestão de talentos?


A Mg Agentia surgiu inicialmente como uma agência apenas para gestão de projectos e comunicação. Passado apenas umas semanas de fundar a agência fui questionada por um actor, actualmente meu agenciado, Duarte Grilo, “se trabalhas tão bem marcas porque não trabalhares pessoas? Podias agenciar actores e actrizes”... esta pergunta seguida de uma afirmação tão fora de tudo aquilo que alguma vez considerei, mudou o rumo da agência. Dei início a pesquisas para perceber como funcionava o mercado e percebi que teria espaço para criar um projecto meu feito à medida das necessidades de artistas nacionais e internacionais.

Tentei criar um ambiente seguro para todos em que o cuidado com o outro e as individualidades de cada um são respeitadas. Criei uma equipa de pessoas muito talentosas, muito diferentes entre si, mas cujos valores que os regem, são muito semelhantes. Sou eu que escolho com quem trabalho exactamente para poder manter este espírito na agência.


Que importância tem para si este trabalho com pessoas que se dedicam à área da representação?

A área da representação, assim como qualquer outra no contexto da cultura apresenta bastantes vicissitudes. Os conteúdos áudiovisuais sempre me fascinaram, pelo que trabalhar com cada elemento da equipa em cada projecto que abraçam é um verdadeiro privilégio. Tenho a oportunidade de os ver a criar os personagens, é maravilhoso.

O meu objectivo é promover a interação cultural entre vários países. Em Portugal temos actores e actrizes muito talentosos, mas não só de nacionalidade portuguesa. Assim como no estrangeiro existem muitos actores que querem trabalhar em Portugal e internacionalmente. Acredito num mercado áudiovisual mais inclusivo e é por isso que trabalho diariamente. Os filmes, séries e peças de teatro precisam retratar a realidade e não um universo ideológico que não existe quando saímos da porta para fora.


O que nos pode dizer sobre o trabalho que tem feito nesta agência desde 2017 pela comunicação, pela representação e promoção e gestão de talentos?


Tem sido um desafio, contudo o facto de não ter desistido é sem dúvida o segredo para que o caminho se continue a fazer. Consegui criar a minha rede de contactos nacional e internacional e passei de uma agência com 3 actores agenciados para 7 actores e 1 artista como criadora de conteúdos. O board de actores vai fechar com 8, sendo que a negociação com o oitavo elemento está a decorrer e é confidencial. O board de artistas como criadores de conteúdos não está fechado, mas não terá tantos elementos como o de actores e actrizes, pretendo algo mais exclusivo ainda.

Só assim consigo trabalhar cada artista de forma dedicada.

A forma como trabalho com cada um desde a gestão de carreira ao desenvolvimento de ideias que cada um apresenta e pretende dar forma, tem sido o elemento a destacar.

O trabalho que tem vindo a ser desenvolvido é facilmente visível pelos resultados de cada um dos meus agenciados.


Quais são os seus sonhos para Portugal?


Os meus sonhos não são para Portugal, mas sim para o Mundo. Sonho que haja oportunidades mais justas para todos os artistas em qualquer país e projecto. Sonho que as cunhas acabem e que os actores e actrizes sejam contratados por mérito. As personagens podem requerer determinados aspectos físicos, mais bonita, menos bonita, mais magra, menos magra, consoante a história, mas que o aspecto físico não seja mais importante do que o acting. Que os números das redes sociais não pesem mais do que a formação académica no âmbito da representação. Queremos ver conteúdos que nos transmitam verdade, que nos emocionem e isso só um actor/actriz o consegue fazer.




Obrigado pelo seu tempo, votos de bom trabalho. Projecto Vidas e Obras Entrevista: Pedro Marques

Corrigido por: Fátima Simões

22 De Março De 2021

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